Adoro coisas antigas, coisas feitas à mão e objetos que contam histórias. Para o quarto do Manel queria simplicidade e muito amor por isso pus a família a trabalhar. Os miúdos ofereceram os peluches de quando eram pequenos. As tias Emília e Florinda recuperaram os bonecos e costuraram os tecidos (que comprámos na Vidal) para fazer bandeirinhas e almofadas.
Por enquanto não é quarto de dormir é "só" de brincadeiras. Um cantinho das histórias com livros é o próximo "projeto" :)
O móvel, que já tinha, foi habilmente pintado pela minha mãe. As bandeirinhas e almofadas foram feitas pelas talentosas tias Emília e Florinda. Os peluches eram meus, do João, do Miguel e do Manel do Meio. A cesta ofereceu a avó Maria José.
O globo era do tio Ricardo e tem quase 40 anos :)
A ilustração Be Brave da Violeta Cor de Rosa fica bem em todas as paredes e por isso ainda não escolhi nenhuma :) Acho que a vou pendurar hoje.
O meu maior (e melhor) trabalho é fazer-te feliz. Esta manhã olhava para ti enquanto dormias enroscado na almofada no meu colo e pensava nas coisas fantásticas e doces que te esperam. Pensava que te quero apresentar o mundo como uma coisa maravilhosa e como esse papel é importante. Quero que anseies pelos dias de escola como eu fazia. Correr numa daquelas manhãs que cheira a frio para o portão, rever os amigos, pendurar a lancheira, ouvir a professora. O recreio. A apanhada, a macaca, jogar à bola. Imagino para ti as minhas melhores memórias. Podes juntá-las às tuas ou criar outras completamente diferentes, completamente felizes.
Quero conseguir passar-te sempre confiança e nunca medo. Tenho medo, sabes? Às vezes oiço que quando nasce um filho tiram um pedaço de nós mas não é isso que eu sinto. Não és um pedaço de mim ou do teu pai. Não tenho nenhum pedaço de que goste tanto como gosto de ti. És qualquer coisa de muito melhor que leva dentro o meu coração. Vou querer proteger-te sempre. De tudo. Das melgas ao mar com ondas. Do frio às pessoas más. Vou querer que comas sempre tudo, que vistas o casaco, que atravesses na passadeira. Mas vou dar o meu melhor para não te assustar. Para que cresças confiante na bondade do mundo. Para que o queiras conhecer, viajar por todo o lado, ainda que isso me deixe em casa com o coração em frangalhos e o ouvido colado ao telefone. Sem tu saberes.
Vou querer o melhor para ti ainda que o meu querer pouco conte. A vida é tua. Tal como o meu coração é teu. Sem "ses", sem porquês, sem nada. É teu para sempre e isso, meu amor, é a única coisa que nunca podes mudar.
Os bebés não têm manhas. Foi uma das primeiras coisas que a nossa pediatra nos disse. Se pedem colo e mama (mesmo sem fome) é porque isso lhes dá conforto e segurança. Elegeram-nos como porto de abrigo e isso, para mim, é o maior dos privilégios. E se pensarmos que dentro de poucos anos vamos andar a persegui-los para conseguir um beijo (eu bem vi a minha mãe atrás do meu irmão :) ) porque não aproveitar para fazer stock agora? Dar o máximo de colo que pudermos, o máximo de maminha que conseguirmos (se for essa a opção), o máximo de nós. Estou nisto há 15 dias, atenção, ainda posso mudar de ideias :) Se cansa? Cansa um bocadinho. Já aderi ao sonambulismo e já consigo fazer uma proeza que sempre invejei: adormecer em qualquer sitio onde encoste a cabeça. Isto tudo com um bebé super calminho que não tem culpa que a mãe prefira ficar a vê-lo dormir em vez de dormir também.
Passaram pouco mais de 15 dias e sinto que cresci. Não há muito tempo para pensar se sabemos fazer as coisas porque é preciso fazê-las e pronto. Os medos do inicio, muitos e variados no meu caso, vão-se dissipando. E depois há os clichés. É tudo verdade. Um amor sem limites. Um mundo que muda. Nós, filhos, a percebermos pela primeira vez os nossos pais: o amor, os receios, os exageros, tudo. Chichés são verdades ditas muitas vezes.
P.S para futuros papás:
COISAS mesmo ÚTEIS para um recém-nascido
Berço tipo Next2Me
Edredon com 2 capas
2 Lençois de baixo com elástico
4 Bodys e 4 Babygrows
4 Collants
Casaco algodão leve
Mantinha
Óleo de limpeza para o banho
Gaze
Fraldas pequeninas (poucas para avaliar se não provocam irritação no bebé)
Pomada para o rabinho Eryplast
Almofada chouriço grande
Ovinho e carrinho (usamos o carrinho em casa também para ele ficar ao nosso lado quando jantamos por exemplo)
A Vida Toda (a canção) ia a meio. Pedimos Coldplay, Dire Straites e outras bandas sonoras da nossa história a uma enfermeira amorosa, e munida de Spotify, que nos perguntou se queríamos ouvir música.
Atrás de nós estava uma tarde a ver o Papa na televisão e a ponderar chamar-te Francisco, Salvador e Tetra (este último era uma sugestão só minha) entre contrações que marcavam 127 na máquina.
A sala onde nasceste, já de noite, estava cheia de luz e pessoas a sorrir. O meu choro não foi como o teu, curto e forte. Ouvi-te ainda antes de te ouvir e o coração mandou vir lágrimas grandes e quentes que lavaram tudo para que eu te pudesse receber como se tivesse nascido outra vez.
Com dois choros curtos e fortes se fez um menino e se fizeram dois pais. "Está aqui, mãe" e puseram-te no meu peito. Decidi naquele instante não te largar nunca mais. Talvez só para o dono daquelas mãos fortes que me amparam o tempo todo. Não pensei que ainda desse mas desde que nasceste, a cada dia, gosto um bocadinho mais do teu pai :)
O álbum do meu pequenino a crescer vai estar aqui.
O carpinteiro veio. As obras acabaram. A mala está preparada. E agora? Quem me prepara a mim? :)
Ficou tudo pronto a tempo de receber o bebé. Juntámos a cozinha e a sala e ficou lindo, lindo. Partimos paredes, abrimos corredores, há móveis novos no terraço. Tenho a certeza que isto pouco interessa, por agora, à pessoa que responsabilizei pelas obras (o bebé) mas no futuro há mais espaço para corridas de triciclo e aí espero um agradecimento sentido. Hei-de fazer aqui um "antes e depois" mas por agora quero esquecer o estado em que a casa chegou a estar :)
O berço já está montado ao lado da nossa cama. Pelo menos no primeiro ano vai ficar por ali. A pediatra (já fomos às aulas de parentalidade e já temos pediatra! Sinto-me mesmo crescida) diz que o melhor é mesmo dormir connosco mas por enquanto tenho um bocadinho de medo de o tapar, de o empurrar... Logo se verá. Adorámos a médica e a conselheira das aulas. No fundo foi um "back to basics" no que diz respeito ao nascimento e aos cuidados com o bebé. Tudo simples, sem regras rígidas e com muito amor. Mama quando quer, chora quando precisa, tem colo para sempre. Quando juntar a teoria à prática hei-de escrever sobre estas aulas e os conselhos que ouvimos.
O primeiro fatinho. A avó Paula tricotou muitos mas pedi-lhe um especial para ser o primeiro.
Este foi feito com lãs que a minha mãe comprou para fazer roupinhas para mim há 30 anos.
Fatinho "para-ir-para-casa" :) Emprestado pela tia Maria Marújo.
Há nesta mala um bocadinho de "something old, something new, something borrowed, something blue" :)
A mala foi quase até à última. Se fosse viajar fazia na noite anterior mas como não sei quando começa esta viagem lá juntei algumas coisas bonitas numa mochila. Procurei listas na internet e fiz um corte e cola que resultou nesta:
Para a mãe:
Camisas de dormir confortáveis
Roupa interior
Produtos de higiene pessoal
Chinelos de quarto e de banho
Elásticos para o cabelo, telemóvel e carregador
Batom hidratante e borrifador com água termal
Bolachas e barras
Roupa para sair da maternidade
Para o bebé:
Primeira roupa num saquinho à parte (já vi que o pedem na chegada à maternidade)
2 mudas de roupa
Bodys / babygrow
Calças de algodão
Meias
Produtos de higiene
Fraldas de pano, mantinha, casaco, toalha
Para o pai:
Documentos, boletim e todos os exames realizados na gravidez
Bolachas e barras
Mudas de roupa e artigos de higiene pessoal (caso fique na maternidade)
Telemóvel com músicas e carregador
Ovinho
Pessoas mal intencionadas vão dizer que comprei esta mala porque já a queria e não para as coisas do bebé
mas a verdade é que o objetivo era uma mochila prática que o pai pudesse ostentar sem vergonha :)
Já em countdown para dias com menos tempo juntei cá em casa algumas amigas de sempre que trouxeram comida e coisas bonitas. Eramos 9 e 3 estão grávidas :) Quando era mais pequenina achava tão giro que a minha mãe e as amigas tivessem tido filhos na mesma altura e agora está a acontecer comigo também.
Onde estão as grávidas? :)
Estamos ansiosos por te conhecer, bebé. Vem no teu tempo, vem quando quiseres. Já gosto de ti a estrada toda até à lua, não podia estar mais preparada.
Sandra Felgueiras é jornalista na RTP. Atualmente faz reportagens, coordena e apresenta o programa de investigação Sexta às 9 na RTP1 e o espaço de debate Sexta às 11 na RTP 3.
É minha editora e minha amiga. Tem uma filha, a Sara, que é um furacão (como a mãe) em miniatura :)
Sempre quiseste ser mãe?
Sempre quis muito ser mãe. Não concebo a minha existência sem esta missão que, para mim, é a mais nobre e gratificante do mundo.
Em algum momento sentiste que tinhas de fazer uma escolha ou adiar a maternidade por causa do trabalho?
Nunca o fiz. As circunstâncias da minha vida ditaram o momento em que pude ser mãe. Adorava que tivesse sido antes mas a vida é o que é e não me arrependo um milímetro do momento em que desejei e fui mãe. Foi tarde, dirão muitos, a começar pelos médicos. Tinha 36, é um facto. Mas outro, não menos verdadeiro, é que tinha uma maturidade que me fez encarar tudo com muita naturalidade desfrutando de cada momento com muita intensidade e certeza de que cada minuto mágico não volta atrás!
O que é que mudou na tua vida com o nascimento da Sara?
Tudo! As prioridades passaram a ser as corretas. Não deixei de ser perfeccionista nem viciada em trabalho mas aprendi que uma mulher faz mesmo muitas coisas ao mesmo tempo e nada é impossível! Quando não dá sei para onde me devo virar: chama-se Sara e depois Sara e de novo Sara!
Lidamos muitas vezes com histórias tristes que envolvem crianças... Seres mãe tornou-te mais sensível ou consegues separar os dois papéis?
Ninguém sabe e quem disser o contrário mente. Sou muito mais sensível hoje mas também por isso me considero muito melhor ser humano. É só isso que importa!
Como lida a Sara com a tua profissão?
Muito bem. Acha piada. Ri. Imita. Diz que ela é que faz as perguntas. Está no bom caminho portanto! (Risos)
É possível ter uma carreira de sucesso e ser uma mãe presente?
Claro. A maternidade só amplia o talento. A ciência está em saber ser feliz. Uma mulher feliz tem o dobro do potencial para ser boa mãe e bem sucedida. Esse é, pelo menos, o meu princípio.
No Sexta às 9 trabalhas temas muito sensíveis e já recebeste algumas ameaças por causa disso. Alguma vez pensaste que esse risco se podia estender à tua família?
Nunca penso nisso. Caso contrário, não conseguiria fazer o que faço. Penso apenas que a minha missão é de uma nobreza ímpar. Que tenho de estar onde faço falta. Sem medos nem reservas. Apenas movida pela verdade. Acredito em Deus e sei que Ele me protege.
Já fizeste reportagens que te mudaram enquanto mãe?
Nenhum trabalho mudou a forma como encaro a maternidade. A maternidade é algo que se vive muito para lá do trabalho. É outra dimensão.
Depois de um dia louco na redação, e há muitos, como é o regresso a casa?
É um renovar de energia. É sentir que mesmo "morta" temos de estar vivas para o melhor momento do dia: estar com os nossos filhos.
"Mãe, quero ser jornalista!" era uma boa notícia?
O importante é educar a Sara a ser uma pessoa bem formada e com autonomia para tomar decisões acertadas. O futuro dela a ela pertence e eu quero apenas que ela seja muito feliz. O jornalismo é divertido mas apenas para alguns.
Achas que por seres jornalista tens vantagem como contadora de histórias à Sara? :)
Modéstia à parte, e sem desmerecer o talento de quem não é jornalista, julgo que tenho e levo vantagem. Gosto de encarnar personagens. De inventar contos do fantástico. De voar com ela pelo mundo fantástico da imaginação. É uma aventura e tanto!
A Julia Roberts que me perdoe (e a autora também...) mas hoje a história é sobre passeios. 3 sítios maravilhosos a mais ou menos meia hora de Lisboa perfeitos para dar um salto, ver a vista, ir à praia e almoçar ou jantar. Com a casa ainda em obras (hei-de ter um bonito antes e depois no futuro) e o sol a brilhar temos andado a revisitar restaurantes de comida tradicional de que gostamos e a experimentar aqueles que descobrimos pelo caminho. Pelo meio já houve o primeiro mergulho no mar do ano e a barriga está assim:
Enquanto as obras não acabarem não assumo que estou em countdown :)
O restaurante Ponto Final foi a melhor descoberta dos últimos tempos. Fica em Almada no Cais do Ginjal e dentro do Rio Tejo.
Era sábado e o restaurante estava cheio de turistas. Ainda questionámos se este seria um daqueles sítios que se fazem valer apenas da localização mas a comida era maravilhosa. Almoçámos sardinhas de escabeche, linguado grelhado, uma épica sopa de cação, gelado de morango.
Apesar de termos atirado uma mesa ao rio (vídeos do Stories que agora estão aqui e aqui :) ) fomos super bem tratados pelo João e pelo Pedro que garantiram que a iriam pescar na maré baixa.
Restaurante Ponto Final - R. do Ginjal 72, 2800 Almada - Reserva altamente recomendada para o 212760743
O Manel Crescido a mostrar que não tem babybump
Maresia, aquele cheiro intenso a mar que nos recebe quando chegamos à Ericeira. É um dos meus sítios preferidos e onde mais me apetece voltar.
A vila onde vou todos os verões desde que nasci
Junto à Praia dos Pescadores fica o restaurante Brisa. Tem o melhor arroz de marisco que conheço, óptimos percebes, deliciosas gambas da costa, amêijoas... Depois do jantar uma visita ao Largo do Jogo da Bola é boa para digerir o jantar, levantar dinheiro (não há multibanco no restaurante) e comer um gelado. O dono do restaurante é o Miguel que além de receber toda a gente com enorme simpatia perecebe mesmo daquilo que faz. (Miguel, ficas a dever-me um arroz! :) )
Restaurante Brisa - R. Cap. João Lopes 14, 2655-228 Ericeira (261866447)
O terceiro destino fica a um bocadinho mais de meia-hora de Lisboa... mas vale a pena :)
Portinho da Arrábida. Entre a serra e o mar, ali escondido no fundo de uma descida sinuosa está um bocadinho do paraíso. São 45 minutos / 1 hora para chegar aqui mas atravessando Setúbal desde cedo que a vista faz a viagem valer a pena. Na praia é possível alugar pranchas de paddle e afastarmo-nos do areal cheio de pedras na entrada do mar.
Para o almoço há peixe fresco grelhado no restaurante O Farol. Pedimos ao Sr. Orlando a dourada de mar escalada (na ementa identificam os peixes de aquacultura e os de mar o que me parece muito honesto) e estava deliciosa.
Estacionar na zona pode ser um problema, mesmo durante a semana, mas na pior das hipóteses obriga a um passeio maior a pé.
Restaurante O Farol - Portinho da Arrábida, 2925-378 Setúbal (212181177)
Não foi amor à primeira vista. A cidade seca, quente, desorganizada, suja. O chão partido e o pó. Mas é da ausência de harmonia, e não apesar dela, que nasce o encanto. Marraquexe precisa de olhares atentos, lânguidos e apaixonados. Passar pelas ruas e becos da medina obriga-nos a tirar os olhos do chão e a ver os frisos de azulejos, as pessoas que cruzam os muros e as portas maravilhosas encaixadas em paredes rosa desmaiado que só reforçam a certeza daquele chiché tão batido: Aqui a beleza vem mesmo de dentro. As portas são muitas vezes o único reduto visivel na rua dos tesouros que cada casa encerra.
Na primeira vez que visitei a cidade fiquei no no meio das ruas perdidas da medina.
Tenho as fotos de 2011 guardadas... num disco externo perdido :)
Um Riad (alojamento típico marroquino) que só com a "ajuda" dos miúdos que jogavam à bola na rua conseguimos encontrar. Nós dávamos-lhes bolos e eles mostravam-nos o caminho. Ao terceiro dia desenhámos um mapa.
É uma óptima localização (se não se perderem!) para percorrer a medina a pé, visitar os souks (mercados) e estar imerso na vida da cidade. Em 2011 o Riad Al Andaluz tinha uma cozinheira marroquina que fez a melhor tajine de frango e limão que já comi.
Quando chegávamos à noite a lareira estava acesa e a casa cheia de pequenas velas...
Achámos que era um cenário para o James Bond
(As fotografias do hotel são propriedade do hotel)
O espaço é enorme mas o que torna este hotel maravilhoso são os pequenos detalhes. Os azulejos esmeralda feitos à mão e colocados de forma perfeita em todas as fontes e piscinas, as flores frescas em todos os vasos, as pétalas na água e nas mesas, as bancadas de especiarias de aromas perfeitos, a simpatia e a paz a contrastar com a intensidade da vida marroquina.
A PRAÇA E OS SOUKS
Nada é tão intenso em Marraquexe como a Praça Jamaa el Fna. O nome pode ter origem numa mesquita almorávida já desaparecida - os almorávidas fundaram Marraquexe por volta do ano de 1070 - ou significar "Assembleia dos Mortos" uma vez que ali se faziam execuções públicas.
Durante o dia repleta de quiosques que vendem desde sumo de laranja a dentes humanos (just in case), transforma-se à noite num mercado de comida a céu aberto com bancas cheias de especialidades marroquinas para partilhar em mesas compridas.
Há motas a cruzar a praça cheia de gente, há encantadores de serpentes, há faquires a caminhar sobre pregos, há comida e vendedores de tudo, há cheiros e fumos que se misturam, há contadores de histórias
Do céu aberto da praça entramos nos corredores semi-cobertos dos SOUKS. Primeiro as especiarias, os ramos de ervas para infusões, os frascos de limões em conserva, de harissa, de azeitonas com todas as cores. Comprei um bocadinho de tudo para tentar repetir em casa os sabores que levei daqui.
A mala para a carga extra compra-se logo ali ao lado. Malas de pele, serviços de chá, lenços (como as verdadeiras pashminas de caxemira), espelhos, babouches (sapatos marroquinos), candeeiros, milhares de candeeiros. Tudo é cor e brilho nos mercados de Marrquexe. Nos corredores centrais estão os produtos mais turisticos e mais baratos mas que têm, muitas vezes, pouca qualidade. Na minha primeira visita comprei aqui e comprovei isso já em casa :) Há excepções, claro. Como a mochila de pele que há 6 anos me acompanha inteira em todas as viagens.
Vale a pena dedicar um dia às compras em Marraquexe porque dificilmente nos sentimos tão ligados à cidade como quando passamos a tarde a beber chá e a conversar com marroquinos à volta de um negócio. Que pode nem ser feito, isso é o menos importante. Na minha última visita pedi ajuda a quem conhece mesmo a cidade e fui a um antiquário que ficava numa das muitas ruas labiritinticas que cruzam os souks. Não saberia lá voltar. Apaixonei-me por um bule de chá e um prato maravilhoso. Tudo feito à mão há muitos anos, tudo muito caro. Negociar em Marrocos é um processo quase solene, que se for sério, faz feliz ambas as partes. Mas pode demorar :)
O meu tesourinho marroquino fotografado cá em casa esta manhã
Horas de conversa e muitos copinhos de chá depois apertámos a mão com um sorriso e um valor que achámos justo. Maktub*, disse-me o senhor vendedor, Maktub, respondi.
A COMIDA, OH A COMIDA
Dar Yacout. O restaurante mais bonito. O sitio é maravilhoso, um oásis no fundo de um beco na Medina. O menu é fixo: entradas, tajine de frango, cabrito, sobremesa (folhas de massa estaladiça com creme).
- 79 Sidi Ahmed Soussi، Marraquexe 40030, Marrocos -
Fotografias do restaurante porque as minhas só mostram pratos vazios :)
Alfassia Gueliz. A melhor comida. O cabrito super tenro (a que o senhor tira os ossos todos de uma vez com um garfo e uma colher), as almôndegas cheias de especiarias, a tajine de frango, a sopa de letilhas...
-Route de l' Ourika km 3, 5, Marraquexe 40000, Marrocos -
ENTRE OS SOUKS E O JANTAR :)
Marraquexe tem vários jardins frescos e coloridos que cortam o tom rosa pálido da paisagem. Um dos mais bonitos é o Jardin Majorelle. Criado pelo pintor francês Jacques Majorelle, abriu ao público em 1947. Em 1980 foi comprado e recuperado por Yves Saint Laurent e Pierre Bérge. O verde exuberante das plantas e o azul dos edificios domina o espaço. Um azul que já ganhou o nome de Azul Majorelle.
Os jardins do hotelLa Mamounia, onde Winston Churchill ficou alojado (no hotel, não nos jardins em principio) e a Madraça Ben Youssefsão as memórias/sugestões que fecham este texto que já vai longo.
Marraquexe com o seu caos encantado fica já aqui ao lado.
Eu estava de 7 meses, o Fernando Mendes já passou a previsão da obstetra.
Barrigas. Cada um tem a sua e a boa educação determina que não se façam palpites sobre abdómens alheios. A não ser que haja um bebé.
Aí a barriga passa de propriedade privada a uma espécie de PPP. É como passear um bebé ou um cão fofinho. Torna-nos, aparentemente, mais acessíveis aos olhos dos vizinhos e do mundo em geral. Um passaporte que vem inveitavelmente associado a coisas boas e a coisas menos simpáticas. "Ahhhh mas a tua barriga é muito..., a minha era muito mais...". E lá vamos nós (eu fui) pesquisar no Google o que significa o tamanho da nossa. É o "bullying-pretensamente-fofinho" sobre as grávidas. Porque ninguém o diz com má intenção (espero) mas magoa um bocadinho. Nós a tentarmos fazer tudo bem: as vitaminas, os ácidos (fólicos), os legumes, e vem alguém dizer que chumbámos num teste surpresa.
Felizmente a parte boa é muito maior. Quanto vale ter as velhotas todas do prédio a desejar "uma hora pequenina"? Ter os nossos colegas e amigos a dizerem que estamos bonitas? (E daqui segue um beijinho para a redação da RTP onde só ouvi coisas boas nestes meses de graça :) Ver as pessoas na rua a serem mais simpáticas ou aquele senhor que insiste em segurar o saco das compras e a velhinha, muito mais coxa do que nós, que abre caminho, sem quereres e sem pedires, na fila do Aki?
CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS:Um amigo pediu-me dicas de viagem sobre Marraquexe. Vou aproveitar para organizar informações e fotografias. É um sitio giro e perto para visitar nesta altura!
Deitada em cima de um monte de roupa que devia estar a arrumar (parte mais simples do meu complexo plano "chegada do bebé" que obrigou por exemplo à demolição de paredes cá em casa), com uma barriga de 8 meses e prestes a trocar as notícias e as sextas-feiras loucas na redação pelo tempo de uma licença pensei: era giro escrever um blog. Para logo de seguida: E se não tenho nada interessante para dizer? E se ninguém lê? Concluí que não faz mal. Leio eu, a minha mãe, o Manel Crescido, o meu pai e o João.
Nem que os suborne com picanhas. E lêem vocês se acharem giro :)
Metade assustada (não fiz o raio dos cursos pré-natais e no meu tempo o Baby Born comia papa de pacote - córror!!), metade super-mega-hiper excitada, aguardo a chegada do Manel Pequeno. Ainda não arranjei a mala da maternidade (que tara é essa com a mala que ninguém se cala com isso?), o berço está a ser pintado, o quarto está vazio e não tenho móveis na cozinha mas o coração está preparadíssimo.
Se puderes, meu amor, demora mais um bocadinho que o carpinteiro vem na sexta-feira.